Foto: Agência ECCLESIA/PR.
MAÇÂO.
D. Antonino Dias diz que comunidades não se medem pelas pessoas que têm, mas pela “capacidade de amar” e “estar abertas a cuidar do outro”
“Há muita espécie de pobreza e há muitas maneiras de manifestar a proximidade que nós queremos nas comunidades”, disse à Agência ECCLESIA D. Antonino Dias.
O auditório Elvino Pereira (Mação) recebeu este sábado a assembleia sobre ‘Comunidades cristãs e ação social: o desafio da proximidade’, promovida pelo Secretariado da Pastoral Social e Mobilidade Humana da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, com a participação de cerca de 250 pessoas.
Para o bispo diocesano, as comunidades não se medem pelas pessoas que têm, mas pela “capacidade de amar” e “estar abertas a cuidar do outro”.
“Se uma paróquia não existir para dar respostas às pessoas, para que é que queremos a paróquia?”, questiona.
Num debate sobre possíveis novos modelos paroquiais, D. Antonino Dias recorda que a sua diocese tem uma realidade territorial muito distinta, que vai do Alentejo à Beira, passando pelo Ribatejo.
O principal objetivo, precisa, é que “cada paróquia procure dar a resposta possível, que funcione”, num “serviço à comunidade humana”.
“A cultura mudou, há o intercâmbio que a mobilidade facilita, há muitas maneiras de estar na vida”, assinala, exigindo respostas diferentes, inclusive para os que “não têm consciência da pertença” ou “passam esporadicamente” pelas comunidades católicas.
O bispo de Portalegre-Castelo Branco assume os desafios que o isolamento e uma população idosa representam, num território que em 2017 foi particularmente fustigado pelos incêndios florestais.
“A diocese ficou tremendamente marcada. Este concelho de Mação, que os meios de comunicação quase não falam dele, foi dos mais devastados”, realça D. Antonino Dias.
O responsável refere que, além da reconstrução do que foi destruído pelo fogo, “há necessidade de responder a outras carências que existem, à solidão”.
Elicídio Bilé, presidente da Cáritas Diocesana e do Secretariado da Pastoral Social e Mobilidade Humana de Portalegre-Castelo Branco, considerou, por sua vez, que “é cada vez mais premente que o setor social se organize”, como um “testemunho da fé”.
“A Pastoral Social, testemunho dessa vivência cristã, deve ser organizada de tal forma que os outros também olhem para nós de uma forma que os interpele, que os possa motivar e não afastar”, assinala.
O responsável realça que a Igreja Católica tem sido pioneira, neste setor social, “muito dinâmica nas respostas, com uma ação preponderante, não só no caso dos incêndios”.
Num território desertificado, Elicídio Bilé defende maior abertura das paróquias à “participação ativa dos leigos”, na organização e na dinamização da “ação concreta que é preciso desenvolver”, em particular na “animação comunitária”.
A assembleia diocesana teve como convidados o padre Tiago Freitas (Arquidiocese de Braga), que falou sobre ‘Novos horizontes da realidade paroquial’; e Juan Ambrósio, professor de Teologia na Universidade Católica Portuguesa, que apresentou o tema ‘A ação social como proximidade: polo identitário das comunidades cristãs’.
Em declarações à Agência ECCLESIA, Juan Ambrósio afirmou ser necessária uma maior atenção à “questão da concretude da vida das pessoas”, proposta pelo Papa Francisco para o itinerário da Igreja Católica, para que seja capaz de “ir ao encontro” dos outros, sendo “proativa”.
“Hoje, a Pastoral Social tem de ser, cada vez mais, aquela que vai ao encontro de e não aquela que está à espera que as pessoas com necessidades venham ao seu encontro”, apontou.