“Educar os jovens para a justiça e para a paz”, é o tema da Mensagem que este ano o Santo Padre dirigiu a toda a Igreja por entender que “prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum mundo de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade. Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem”.

Nesta Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e em que celebramos também o Dia Mundial da Paz, a 1ª leitura apresenta-nos o texto da bênção usado pelos sacerdotes no fim das funções litúrgicas no Templo. A cada uma das três invocações são acrescentados dois pedidos de bênção: o Senhor te abençoe e proteja; o Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável; o Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz.

Como sabemos, a fonte e origem de toda a bênção é Deus bendito sobre todas as coisas, que, como único e sumo bem, tudo fez bem feito para encher de bênçãos todas as criaturas. Mas quando chegou a plenitude dos tempos, o Pai enviou o Filho e por Ele – ao assumir a condição humana – (Cer. de Bênçãos1 e 2) cumulou os homens de todas as bênçãos, concedeu-lhes a filiação divina, libertou-os de todas as escravidões e envia-lhes o Espírito Santo tornando-os herdeiros dos bens do Pai, como refere S. Paulo na 2ª Leitura.

Neste primeiro dia do ano, em que nos colocamos debaixo da protecção de Santa Maria, Mãe de Deus, também nos sabe bem pedir ao Senhor que no meio de tantas preocupações e cuidados com que iniciamos este novo ano, nos abençoe e proteja, nos ilumine e seja favorável, volte para nós os seus olhos e nos conceda a paz.

O Evangelho conduz-nos uma vez mais ao presépio. Narra-nos a chegada apressada dos pastores ao local onde Cristo acabava de nascer. Faz eco da admiração dos presentes por tudo aquilo que os Pastores diziam acerca do que ouviram dizer sobre aquele Menino. E não passa despercebido o silêncio de Maria que tudo guardava no seu coração, nem tampouco a atitude dos pastores que, no regresso, glorificavam e louvavam a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto.

É a ternura e o encanto do Presépio a cativar pela grandeza envolta em simplicidade e humildade e pelo ambiente de serenidade, alegria e Paz.

Por iniciativa do Papa Paulo VI foi instituída, em 1967 a celebração do Dia Mundial da Paz. João Paulo II deu-lhe um incremento cada vez maior e Bento XVI continua a assinalar este dia.

“Educar os jovens para a justiça e para a paz”, é o tema da Mensagem que este ano o Santo Padre dirigiu a toda a Igreja por entender que “prestar atenção ao mundo juvenil, saber escutá-lo e valorizá-lo para a construção dum mundo de justiça e de paz não é só uma oportunidade mas um dever primário de toda a sociedade. Trata-se de comunicar aos jovens o apreço pelo valor positivo da vida, suscitando neles o desejo de consumá-la ao serviço do Bem”.

Respigarei alguns pensamentos dessa Mensagem.

O Santo Padre destaca a importância dos responsáveis nessa “aventura mais fascinante e difícil da vida” que é educar, pois exige educadores que sejam testemunhas, isto é, que vivam, primeiro, o caminho que propõem. Num mundo que reconhece somente os “critérios do utilitarismo, do lucro e do ter” e revela que “certas correntes da cultura moderna, sustentadas por princípios económicos radicais e individualistas, alienaram o conceito de justiça e das suas raízes transcendentes”, o Santo Padre refere que é preciso educar para a verdade e a liberdade, para a justiça e a paz.

Entre os educadores, os pais estão em primeiro lugar: «é na família que os filhos aprendem os valores humanos e cristãos que permitem uma convivência construtiva e pacífica. É na família que aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento do outro».

Esta, a família, apesar das dificuldades que muitas vezes enfrenta, é, sem dúvida, a primeira escola onde se educa para a justiça e a paz.

A seguir aos pais, aparecem as instituições com tarefas educativas que devem ser “lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores, aprenda a apreciar os irmãos” e a “saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar activamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna”.

Fazendo um apelo ao mundo dos media para que não deixem de prestar a sua contribuição educativa, o Santo Padre pede aos políticos que ajudem de forma concreta as famílias e as instituições educativas, prestando apoio adequado à maternidade e à paternidade e possibilitando que os pais possam escolher instituições de ensino consideradas mais adequadas para o bem de seus filhos e possam encontrar meios para sustentar a sua família.

E mais lhes pede: que ofereçam à juventude “uma imagem limpa da política como verdadeiro serviço para o bem de todos”.

Consciente das preocupações manifestadas por muitos jovens do mundo inteiro, o Papa convida-os a olharem "com esperança para o futuro, mesmo diante das dificuldades"; recorda-lhes que “não são as ideologias que salvam o mundo”, mas o Deus que vive e que é Amor; e pede-lhes ainda que não se “deixem abater pelo desencorajamento diante das dificuldades nem caiam em falsas ilusões que frequentemente se apresentam como caminho mais fácil para superar os problemas”; que sejam exemplo e estímulo para os adultos, superando “as injustiças e a corrupção” e possam “com o seu entusiasmo e idealismo, oferecer uma nova esperança ao mundo”.

Se a paz é “fruto da justiça e do afecto por meio da caridade”, então, a paz que é um “dom de Deus”, é também tarefa humana.

Para sermos verdadeiros construtores da paz, todos precisamos de crescer na “compaixão, na solidariedade, na colaboração e na fraternidade”, permanecendo vigilantes e activos na comunidade.

Tendo sempre presente que “o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões”, incluindo a transcendente, e que não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, o Santo Padre aponta a liberdade como um valor precioso, mas delicado, pois pode ser mal entendida e mal usada.

«Hoje um obstáculo particularmente insidioso à acção educativa é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado dentro do próprio “eu”. Para exercer a sua liberdade, a pessoa deve superar o horizonte relativista e conhecer a verdade sobre si próprio e a verdade acerca do que é bem e do que é mal.

São muitos os aspectos que hoje em dia trazem os jovens apreensivos: “o desejo de receber uma formação que os prepare de maneira mais profunda para enfrentar a realidade, a dificuldade de formar uma família e encontrar um emprego estável, a capacidade efectiva de intervir no mundo da política, da cultura e da economia contribuindo para a construção duma sociedade de rosto mais humano e solidário”.

O Santo Padre, conhecedor desta realidade que faz sofrer os jovens, faz-lhes um forte apelo que o faço meu neste momento para todos vós, jovens: “Cientes das vossas potencialidades, nunca vos fecheis em vós próprios, mas trabalhai por um futuro mais luminoso para todos. Nunca vos sintais sozinhos! A Igreja confia em vós, acompanha-vos, encoraja-vos e deseja oferecer-vos o que tem de mais precioso: a possibilidade de levantar os olhos para Deus, de encontrar Jesus Cristo – Ele que é a justiça e a paz”.

Feliz Ano para todos, com muita alegria e paz, em Cristo Senhor.

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